sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Terminus augustales de Peroviseu (Fundão) e Salvador (Penamacor).


Estes notáveis monumentos romanos, erguidos para demarcar os territórios políticos e administrativos do império. As suas inscrições são hoje uma fonte crucial para entender o processo de delimitação territorial que se desenrolou na região, no tempo do principado de Augusto entre 4 e 5 d.c (Quando o governador da Lusitania era Q. Articuleio Régulo). Os Terminus augustales de Peroviseu (Fundão) e Salvador (Penamacor), atestam a importância política e administrativa que era dada por este império, primordiais para os estudos epigrafistas na precisa identificação dos territórios da Lusitânia Romana.
Perdido para a investigação, o marco de Salvador, impositivo de fronteira entre os povos co – munícipes da Lusitânia Romana (Igaeditani e Lancienses Oppidani).
Em Agosto de 1971 no moderno Concelho do Fundão, na freguesia de Peroviseu, imprevistamente encontrado pelo Prior da paróquia local, Sr. Padre Luís Leitão, o que a muito os pesquisadores diligenciavam descobrir. O Parco, reparou na existência de uma inscrição esculpida em pedra rectangular que se encontrava no peitoril de uma das janelas da fachada da residência paroquial, atrás de uma laranjeira, no quintal, assente na parede e com a inscrição invertida. No dia 26 de Agosto do referido ano, foi informada a equipa de José Monteiro (destinto arqueólogo e fundador do museu do Fundão), da existência de tal lápide. Recebida a notícia, no dia seguinte a equipa de investigadores deslocou-se para o local. Ajudados pelo Parco e pelas suas sortidas alfaias que depunha no quintal, logo colocaram a descoberto a lápide. E foi assim, em um oscilante andaime, que o Eng.º Bartolomeu Monteiro, começou a ditar os caracteres da inscrição, que logo convincentemente conduziram à interpretação do monumento e do seu teor. Tratava-se da evidençia comprova de um TERMINVS AUGUSTALIS, marco demarcatório dos supraditos povos co – munícipais. Hoje, o harmonioso rectângulo de 1,40 m x 0,46 m x 0,21 m, com um texto graficamente disposto em quatro linhas cheias.
IMP. CAESAR. AVG. PONTIFEX
MAX. TRIB. POTEST. XXIIIX. COS. XIII
PATER PATRIAE. TERMINVS. AVGSTALIS
INTER. LANCIENSES. ET. IGAEDITANOS
A examinada lápide no conjunto dos estudos epigrafistas foi um precioso monumento, que felizmente chegou ao nosso tempo, podendo ser apreciado no novo e moderno Museu Arqueológico Municipal José Monteiro. Para além do exposto fica a esperança de um dia ser descoberto o marco de Salvador, que dista 50 km de Peroviseu.


Bibliografia Consultada:
- Monteiro, José Alves; Ao Redor Do Fundão, Edição Comemorativa Do Centenário De José Monteiro, Edição da Câmara Municipal do Fundão, 1990, pág. 322 a 332.
- Carvalho, Pedro C.; Cova da Beira – Ocupação e exploração do território na época romana, Edição da Câmara Municipal do Fundão e do Instituto da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2007, pág. 98 a 127.

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